Berliner Tageblatt - Começa primeira audiência da investigação republicana pelo impeachment de Biden

Começa primeira audiência da investigação republicana pelo impeachment de Biden
Começa primeira audiência da investigação republicana pelo impeachment de Biden / foto: © AFP

Começa primeira audiência da investigação republicana pelo impeachment de Biden

Há indícios suficientes para submeter Joe Biden a um processo de impeachment? Os republicanos pensam que sim e, nesta quinta-feira (28), abriram uma investigação por suposta "corrupção" contra o presidente americano, o que os democratas consideram uma loucura.

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Com maioria na Câmara de Representantes desde janeiro, membros da ala mais conservadora do Partido Republicano acusam o líder democrata de ter "mentido" para o povo americano sobre os negócios de seu filho Hunter Biden no exterior.

Essa investigação quase não tem chances de sucesso, mas pode se tornar uma dor de cabeça para a Casa Branca antes da eleição presidencial de 2024, nas quais Biden concorre e poderá ter seu antecessor imediato, o republicano Donald Trump, como rival.

- "Provas" -

Durante a primeira sessão parlamentar sobre o procedimento, o chefe do comitê investigativo da Câmara, James Comer, afirmou ter encontrado "uma quantidade esmagadora de provas que demonstram que o presidente Joe Biden abusou de seu cargo público para beneficiar financeiramente sua família".

"Durante anos, o presidente Biden mentiu ao povo americano sobre seu conhecimento e participação nos negócios corruptos de sua família", afirmou o republicano.

O porta-voz da Casa Branca Ian Sams afirmou que este processo "é uma loucura" e acusa os republicanos de realizarem a audiência nesta quinta-feira para desviar a atenção da crise, para a qual o país caminha, devido à incapacidade do Congresso de aprovar um orçamento.

Os congressistas democratas concordam com ele.

"Se os republicanos tivessem alguma prova irrefutável, a apresentariam hoje", zombou Jamie Raskin, acusando a ala conservadora do partido de prosseguir com esta investigação apenas por causa das "pressões" de Trump, que foi indiciado duas vezes pelo Congresso e exigiu insistentemente que seu sucessor fosse investigado.

- Sem chances de sucesso -

Hunter Biden, filho mais novo do presidente e ex-empresário de 53 anos, tornou-se o principal alvo dos republicanos.

Os congressistas acusam-no de ter realizado negócios duvidosos na Ucrânia e na China, enquanto Joe Biden era vice-presidente de Barack Obama (2009-2017), aproveitando-se do nome e dos contatos do pai.

A Constituição dos Estados Unidos afirma que o Congresso pode destituir o presidente por traição, corrupção e outros crimes graves.

O procedimento ocorre em duas etapas. Depois de realizada uma investigação, a Câmara de Representantes vota, por maioria simples, os artigos da acusação que detalham os fatos contra o presidente: é o que se conhece como julgamento político, ou "impeachment".

Caso proceda a acusação, o Senado, a câmara alta do Congresso, julga o presidente. Se chegar a esta fase, é muito provável que Biden seja absolvido, porque seu partido tem maioria nesta câmara.

- Outros casos -

O presidente, de 80 anos, sempre apoiou publicamente o filho, que tem um passado de dependências e se encontra envolvido em problemas jurídicos, acusado de porte ilegal de arma de fogo.

"Acordo todos os dias (...) sem pensar muito no impeachment. Tenho um trabalho a fazer. Tenho que lidar com os problemas que afetam o povo americano todos os dias", disse ele em setembro.

A ala trumpista do Partido Republicano pede, há meses, a abertura de um processo de impeachment contra Biden.

Este grupo tem grande influência no partido, a tal ponto que, em janeiro, obrigou o presidente da Câmara de Representantes, Kevin McCarthy, a fazer concessões para ser eleito no cargo.

Nenhum presidente sofreu impeachment na história dos Estados Unidos.

Vários foram, no entanto, submetidos a julgamento: Andrew Johnson, em 1868; Bill Clinton, em 1998; e Donald Trump, em 2019 e 2021. Todos foram absolvidos. Richard Nixon preferiu renunciar em 1974 para evitar um possível impeachment pelo Congresso pelo escândalo Watergate.

B.Shevchenko--BTB