Berliner Tageblatt - Julgamento sobre tragédia ambiental de Mariana entra na reta final em Londres

Julgamento sobre tragédia ambiental de Mariana entra na reta final em Londres
Julgamento sobre tragédia ambiental de Mariana entra na reta final em Londres / foto: © AFP/Arquivos

Julgamento sobre tragédia ambiental de Mariana entra na reta final em Londres

O processo contra a mineradora BHP pelo rompimento da barragem de Fundão, em 2015 no subdistrito de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais, entra na reta final em Londres nesta quarta-feira (5), com a empresa australiana e os demandantes "confiantes" na vitória do caso.

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O julgamento no Tribunal Superior de Londres, que começou em 21 de outubro, está paralisado desde o final de janeiro e os advogados das partes apresentarão seus argumentos entre 5 e 13 de março.

A decisão final, que pode ser objeto de apelação, em um processo que julgará a responsabilidade da BHP, deve sair no segundo semestre.

Em 5 de novembro de 2015, o rompimento da barragem de rejeitos de uma mina de ferro em Bento Rodrigues, subdistrito de Mariana, no estado de Minas Gerais, tirou a vida de 19 pessoas, devastou várias localidades, incluindo comunidades indígenas, e despejou 40 milhões de metros cúbicos de lama tóxica no rio Doce e no oceano Atlântico.

Os advogados dos demandantes pedem cerca de 36 bilhões de libras (cerca de R$ 265 bilhões, na cotação atual) para as quase 620.000 pessoas afetadas pela tragédia.

A BHP, que compartilha com a mineradora brasileira Vale a titularidade da Samarco, proprietária da barragem, negou ser uma "poluidora direta" desde o início do julgamento, em outubro.

- Argumentos dos denunciantes -

No entanto, os advogados dos demandantes discordam.

"Estamos muito confiantes no sucesso deste caso porque ficou inequivocamente provado que a BHP era responsável pelas operações da Samarco", disse nesta quarta-feira Tom Goodhead, diretor-geral do Pogust Goodhead, um escritório de advocacia britânico que representa os demandantes.

Para Goodhead, "este caso mostrou que a BHP sabia, praticamente desde o início, do sério risco que a barragem de Mariana representava para as comunidades vizinhas e para o meio ambiente".

"Todas as evidências documentais nos processos apontam para o forte envolvimento da BHP nas operações da Samarco", acrescentou Goodhead.

A BHP enfrenta a reta final do julgamento confiante de que será absolvida.

"Estamos confiantes em nossa posição legal no Reino Unido e nas evidências apresentadas, que mostram que priorizamos a segurança e agimos com responsabilidade", disse um porta-voz da BHP nesta quarta-feira.

Após o início do processo em Londres, a Justiça brasileira absolveu, em meados de novembro, a Samarco, a Vale e a BHP de qualquer responsabilidade pela tragédia.

A decisão do Tribunal Regional Federal (TRF) de Belo Horizonte entendeu que as provas analisadas não eram "determinantes" para estabelecer sua responsabilidade.

Pouco antes, em 25 de outubro, quando o julgamento em Londres havia acabado de começar, o Governo Federal assinou um acordo de indenização com as empresas envolvidas no valor de cerca de R$ 132 bilhões.

"Nos últimos nove anos, a Samarco forneceu assistência financeira emergencial e indenização a aproximadamente 432.000 pessoas, empresas locais e comunidades indígenas e recuperou o meio ambiente, casas e infraestruturas locais", disse um porta-voz da BHP nesta quarta-feira.

- Defesa da BHP -

A empresa de mineração australiana defende as medidas tomadas após a tragédia.

"Um novo acordo de 31,7 bilhões de dólares (R$ 132 bilhões, na cotação da época) foi executado com as autoridades brasileiras em outubro, o maior do gênero na história brasileira, para fornecer suporte de longo prazo às comunidades afetadas", acrescentou o porta-voz.

Argumentos com os quais os advogados dos denunciantes não concordam.

"Quando o julgamento na Inglaterra começou, a BHP cinicamente concluiu um acordo político com as autoridades brasileiras, mas não disse a ninguém que sabia que menos de 40% dos afetados que fazem parte do processo inglês poderiam participar", disse Tom Goodhead.

Nesta parte final do julgamento, caberá primeiro ao escritório de advocacia dos denunciantes apresentar suas conclusões à juíza, entre quarta e sexta-feira. Após o fim de semana, será a vez dos advogados da BHP apresentarem seus argumentos de defesa à juíza, de segunda a quarta-feira.

Por fim, na quinta-feira, 13 de março, os advogados dos denunciantes terão uma nova oportunidade de apresentar suas observações finais.

Y.Bouchard--BTB