Berliner Tageblatt - "É uma pena que Diego não esteja vivo" para festejar título do Napoli, diz Alemão

"É uma pena que Diego não esteja vivo" para festejar título do Napoli, diz Alemão
"É uma pena que Diego não esteja vivo" para festejar título do Napoli, diz Alemão / foto: © AFP/Arquivos

"É uma pena que Diego não esteja vivo" para festejar título do Napoli, diz Alemão

O ex-jogador brasileiro Alemão, companheiro de Diego Maradona no Napoli que conquistou o 'Scudetto' em 1990, o último do time do sul da Itália até esta histórico quinta-feira, 4 de maio de 2023, lamenta que o argentino não esteja presente para testemunhar, depois de tanto tempo, a consagração do clube que o idolatra.

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"É uma pena que Diego não esteja vivo". O título seria "só para complementar a festa, a alegria dele. Ele merecia viver mais, com certeza", disse à AFP o ex-meia em sua cidade natal, Lavras, em Minas Gerais.

Faltando ainda cinco rodadas para o final do campeonato italiano e dois anos e meio após a morte do lendário camisa 10, os 'azzurri' de Luciano Spalletti finalmente ergueram a terceira taça de campeão italiano de sua história ao empatar em 1 a 1 em sua visita à Udinese.

Dessa forma, encerraram um jejum de 33 anos, embora tenham alcançado quatro vice-campeonatos nas últimas dez temporadas.

O Napoli até agora fazia "boas campanhas", mas "faltava ter uma equipe mais longa, mais jogadores, qualidade, reposição. Faltava um articulador no meio campo. Eu acho que o Napoli vinha preparando esse time e acabou conseguindo", comemora Alemão, que hoje tem 61 anos.

Embora esteja feliz com a façanha, o ex-jogador considera que o georgiano Jvicha Kvaratsjelia, o novo astro da equipe, não pode ser comparado com o argentino: "Maradona era um gênio".

- "Grandíssimo privilégio" -

Com menos cabelo ainda do que nos tempos de jogador, Ricardo Rogério de Brito, o Alemão, lembra com orgulho o grande time de 1989-90 que tinha apenas três estrangeiros (Maradona, o atacante brasileiro Careca e ele próprio) e italianos como Ciro Ferrara, Andrea Carnevale e Gianfranco Zola.

Transferido para o Napoli em 1988, o jogador que participou das Copas do Mundo do México-1986 e da Itália-1990 conquistou o segundo título napolitano da Serie A e o primeiro de sua carreira, após passar em branco por Botafogo e Atlético de Madrid.

"Nós tínhamos um time muito compacto e com um líder que era Maradona, que tinha muita liderança positiva. Estava sempre acreditando que a gente ganharia, que a gente poderia ganhar, sempre motivando todo mundo e isso foi muito importante", afirma.

"Para qualquer jogador que tinha jogado com ele era um grande privilégio, grandíssimo privilégio ter jogado com Maradona, e comigo também foi assim. Dá saudade daquele tempo porque era gostoso demais estar do lado de um cara que era o melhor do mundo e fazia tudo diferente", acrescenta Alemão.

O trio de estrangeiros firmou uma parceria dentro e fora de campo naquela campanha em que o Napoli conquistou seu último título importante com 'Dieguito', após vencer a Serie A de 1986-87 e a Copa da Uefa de 1988-89.

Os torcedores do clube desta cidade do empobrecido sul da Itália os idolatravam não apenas pelo jogo, mas porque se sentiam representados diante da discriminação a que eram submetidos em outras regiões.

"Sempre foi muito difícil ir para fora de Nápoles. Éramos recebidos como estrangeiros, com faixas nos chamando de africanos como se isso fosse algo pejorativo. Era agressivo, era simplesmente por não respeitar aquela cidade, aquele povo, e isso nos motivava muito para poder superar as dificuldades. Isso nos tornava ainda mais fortes", lembra o ex-jogador.

- Atingido por moeda -

Alemão foi protagonista de um acontecimento ainda polêmico na dramática reta final do campeonato disputado ombro a ombro com o "espetacular" Milan: a moeda atirada da arquibancada que atingiu sua cabeça no confronto contra a Atalanta, na 31ª rodada de 34.

O incidente - em que mais tarde ele admitiu ter exagerado - forçou que ele fosse retirado do campo e levado a um hospital. Embora o jogo estivesse 0 a 0, as autoridades esportivas declararam uma vitória de 2 a 0 para os napolitanos.

Os 'rossoneri' de Arrigo Sacchi, Marco van Basten, Carlo Ancelotti, Paolo Maldini, Franco Baresi, Frank Rijkaard e Ruud Gullit empataram em 0 a 0 com o Bologna e dividiram a liderança, depois de terem começado a rodada com um ponto a mais.

Na penúltima rodada em que perdeu por 2 a 1 para o Hellas Verona, o Napoli saiu na frente ao vencer o Bologna por 4 a 2 - com gols do trio estrangeiro - e conquistou o campeonato na última rodada, com apenas dois pontos de vantagem, ao vencer a Lazio por 1 a 0.

"No final nem precisamos daqueles pontos [da moeda] porque nós acabamos ganhando sem precisar. Mas faz parte de uma mudança aquilo, porque o Milan acabou se sentindo pressionando e acabou jogando mal contra o Verona e aí as coisas ficaram mais fáceis para nós", diz ele.

Alemão lembra que, assim como aconteceu com os heróis do título de 1990, os torcedores vão lembrar para sempre a façanha de "Kvaradona" e companhia.

"Os torcedores lembram mais quem marcou os gols. Mas lembra do time inteiro porque foram todos que conquistaram. Por mais que o torcedor napolitano tivesse muito carinho pelo Maradona, ele se lembrava de todo mundo".

L.Janezki--BTB