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COI se reúne na Grécia para definir novo presidente
Rodeado de uma discrição digna do Vaticano, o Comitê Olímpico Internacional (COI) se reúne a partir de terça-feira (18) na Grécia para escolher na quinta-feira (20) um sucessor para seu presidente, o alemão Thomas Bach, em uma votação mais aberta do que nunca.
A grande organização do esporte mundial, com sede em Lausanne (Suíça), não muda de presidente desde há 12 anos, quando Bach sucedeu, em 2013, ao belga Jacques Rogge.
Em 2021, Bach foi reeleito sem oposição, de maneira quase unânime.
O ex-esgrimista bávaro de 71 anos passará oficialmente suas funções ao novo presidente em 23 de junho, mas a identidade de seu sucessor será conhecida na quinta-feira, com uma votação secreta no complexo costeiro grego de Costa Navarino, às margens do mar Jônico.
A eleição se apresenta tão histórica quanto aberta: são sete os candidatos, entre eles o espanhol Juan Antonio Samaranch Jr., a zimbabuana Kirsty Coventry, o britânico Sebastian Coe e o francês David Lappartient.
Nunca houve tantos candidatos à presidência em 130 anos de vida da organização.
Em uma campanha sem pesquisas, onde qualquer debate ou apoio público está vetado pela Comissão de Ética, é muito complicado designar um favorito, sobretudo quando nenhum dos candidatos "reúne tantos elementos de legitimidade" como Thomas Bach tinha em 2013, destaca Emmanuel Bayle, professor de gestão esportiva da Universidade de Lausanne.
- A sombra de Samaranch pai -
Apenas Sebastian Coe (presidente da World Athletics e bicampeão olímpico de 1.500 m) e Kirsty Coventry (sete vezes medalhista olímpica de natação, duas delas de ouro) têm um passado glorioso como atletas. Bach foi, em sua época, campeão olímpico de florete por equipes, na edição de Montreal-1976.
Bach, um advogado que entrou no COI em 1991 para passar por diferentes funções, construiu sua candidatura como uma carreira de fundo. Inicialmente, apenas Samaranch Jr. tem um perfil comparável em sua longa permanência em cargos dentro da organização, sublinha Bayle.
'Juanito' é um rosto familiar no mundo olímpico, embora seja muito mais desconhecido fora dele. Entrou no COI quando seu pai estava prestes a deixar a presidência, em 2001, após 21 anos marcados pelo impulso comercial dos Jogos Olímpicos e o fim da era dos boicotes, mas também por escândalos de corrupção.
Por sua vez, David Lappartient, que dirige a União Ciclista Internacional (UCI) e o Comitê Olímpico francês, tem como trunfo ter sido o principal responsável pela designação dos Alpes franceses como sede olímpica para 2030.
O japonês Morinari Watanabe, presidente da Federação Internacional de Ginástica, apresenta a proposta mais radical: organizar os Jogos Olímpicos em cinco cidades de cinco continentes.
O príncipe jordaniano Feisal Al Hussein enfatiza a "paz" ao serviço do esporte, enquanto o britânico-sueco Johan Eliasch foca em sua experiência à frente da marca esportiva Head para reformar o modelo econômico.
- Alianças geopolíticas -
Qual estratégia fará a diferença em uma eleição que reúne pessoas muito distintas, desde membros da realeza até ex-campeões esportivos, passando por figuras da gestão e da indústria esportiva?
Para Jean-Loup Chappelet, especialista em Olimpismo da Universidade de Lausanne, "essa eleição se apresenta muito geopolítica", à imagem de um mundo cada vez mais fragmentado, "e parece que há três blocos".
Por um lado, há o apoio "de russos, chineses e seus aliados" a Samaranch Jr., que defendeu que os atletas russos se beneficiassem, para os Jogos Olímpicos de Inverno de 2026 na Itália, do mesmo dispositivo sob bandeira neutra que esteve em vigor nos Jogos de Verão de Paris-2024.
O espanhol também presidiu a Comissão de Coordenação dos Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, marcados por uma bolha sanitária devido à pandemia de covid-19.
Sebastian Coe contaria com o apoio de um 'bloco anglo-saxão'. O mítico ex-médio-fundista "fez uma excelente campanha", sublinha Chappelet, apesar de que a idade do britânico (68 anos) impediria teoricamente que ele terminasse seu primeiro mandato.
Segundo Chappelet, uma parte dos membros europeus poderia buscar em Lappartient um "candidato de compromisso". O francês também busca votos africanos, embora não os tenha garantidos, apesar de suas palavras em apoio ao esporte desse continente e às suas aspirações de sediar os Jogos Olímpicos.
N.Fournier--BTB