Berliner Tageblatt - Candidato pró-Rússia empata com premiê pró-Europa nas eleições presidenciais da Romênia

Candidato pró-Rússia empata com premiê pró-Europa nas eleições presidenciais da Romênia
Candidato pró-Rússia empata com premiê pró-Europa nas eleições presidenciais da Romênia / foto: © AFP

Candidato pró-Rússia empata com premiê pró-Europa nas eleições presidenciais da Romênia

Um candidato pró-Rússia surpreendeu ao empatar com o primeiro-ministro pró-europeu da Romênia, Marcel Ciolacu, no primeiro turno das eleições presidenciais deste domingo (24), segundo os resultados com 90% dos votos apurados.

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Calin Georgescu, de 62 anos e de extrema direita, obteve cerca de 22% dos votos face aos 21,1% do social-democrata Ciolacu, de 56 anos, nas eleições presidenciais deste país fronteiriço com a Ucrânia e membro da União Europeia e da Otan.

Se a tendência se mantiver, estes dois candidatos disputarão o segundo turno, marcado para 8 de dezembro, uma semana antes das eleições legislativas.

Elena Lasconi, de centro-direita, prefeita de uma pequena cidade, aparece em terceiro lugar com 16,6% dos votos, à frente do nacionalista George Simion, com 14,5%.

A Romênia, com 19 milhões de habitantes, resistiu até agora às posições nacionalistas de países como Hungria e Eslováquia.

No entanto, o analista político Cristian Pirvulescu disse à AFP que, qualquer que seja o resultado da votação, "a extrema direita é de longe a grande vencedora destas eleições".

Segundo especialistas, esta tendência se beneficiou de um clima social e geopolítico tenso no país.

Os comentaristas televisivos ficaram perplexos com a ascensão de Georgescu, que nas pesquisas anteriores às eleições não ultrapassava os 10% das intenções de voto.

Depois de dez anos de poder de Klaus Iohannis, um fervoroso defensor da Ucrânia e tenaz defensor dos valores europeus, as eleições são cruciais, embora a posição seja em grande parte cerimonial.

- Fã de Trump -

A Romênia, que compartilha 650 km de fronteiras com a Ucrânia e margeia o Mar Negro, tem um papel estratégico para a Otan (abriga mais de 5.000 soldados) e para o trânsito de cereais ucranianos, ressalta o 'think tank' New Strategy Center.

"A democracia romena está em risco pela primeira vez desde a queda do comunismo, em 1989", disse Parvulescu. "A situação se complicou ainda mais" desde a vitória de Donald Trump nas eleições americanas.

Simion, de 38 anos, que às vezes usa um boné vermelho com o nome de Trump, parecia projetado para ficar em segundo lugar, mas acabou parabenizando Georgescu, a quem chamou de "soberanista".

Simion, que defende uma Romênia "mais patriótica", é contra a ajuda militar a Kiev, tacha a UE de "bolha corrupta" e se opõe aos direitos LGBTQIAPN+.

Por sua vez, Georgescu conquistou as pessoas nos últimos dias com uma campanha no TikTok que se tornou viral, centrada na necessidade de parar a ajuda à Ucrânia.

"Esta noite, o povo romeno gritou pela paz. E gritou muito alto, extremamente alto", declarou Georgescu depois de tomar conhecimento dos resultados.

- Polêmicas e ataques pessoais -

A campanha presidencial aconteceu em um contexto tenso e foi marcada por uma série de polêmicas e ataques pessoais.

O líder da extrema direita foi acusado de ter se reunido com espiões russos, o que ele nega, enquanto o primeiro-ministro estava na alça de mira por polêmicos voos em jatos particulares.

Apesar de sua baixa popularidade, Marcel Ciolacu, que quer projetar a imagem de um homem humilde e autodidata, buscou convencer as pessoas com sua mensagem de "estabilidade".

Seu partido, herdeiro do antigo Partido Comunista, marca a vida política do país há mais de três décadas, apesar de sofrer com vários escândalos de corrupção. Atualmente, governa em coalizão com os liberais do PNL.

R.Adler--BTB