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Museu Britânico e Grécia mantêm conversas para 'parceria de longo prazo' por mármores do Partenon
O Museu Britânico deixou aberta, nesta terça-feira (3), a possibilidade de uma "parceria de longo prazo" com as autoridades gregas, que exigem a devolução dos mármores do Partenon e que pouco antes haviam afirmado que o governo britânico não iria se opor ao retorno das peças a Atenas.
"As conversas com a Grécia sobre uma parceria com o Partenon estão em andamento e são construtivas. Acreditamos que esse tipo de parceria a longo prazo alcançaria o equilíbrio adequado entre compartilhar nossos melhores objetos com o público de todo o mundo e manter a integridade da incrível coleção que possuímos", disse um porta-voz do museu em comunicado.
Essa declaração parece abrir caminho para eventuais empréstimos dos mármores.
Todos os anos, cerca de 1.400 objetos são cedidos a longo prazo por parte do museu a instituições com as quais tem parceria.
Pouco antes do comunicado do museu, após uma reunião em Londres entre os primeiros-ministros dos dois países, uma fonte governamental grega disse à AFP que o governo do Reino Unido não iria se opor ao retorno dos mármores do Partenon a Atenas, caso o Museu Britânico concordasse.
O Reino Unido "não obstruirá" a devolução dos frisos de 75 metros "se houver um acordo entre Atenas e o Museu Britânico", disse a fonte, após a primeira reunião entre o primeiro-ministro trabalhista britânico Keir Starmer e seu homólogo grego, Kyriakos Mitsotakis.
O premiê grego procurou progredir na questão espinhosa de recuperar os mármores do Partenon, que estão em posse do Museu Britânico desde 1816.
Mas os dois chefes de governo, que discutiram, entre outras questões, a imigração ilegal e o apoio à Ucrânia, não disseram, após o encontro, se haviam discutido a questão dos mármores.
- Grécia confiante -
O tópico "será obviamente um dos temas da reunião bilateral" com Keir Starmer, disse o porta-voz do governo grego, Pavlos Marinakis.
Por sua vez, o governo britânico observou que os frisos do Partenon "não estão na agenda" de Starmer em seu encontro com Mitsotakis.
"O encontro se concentrará em apoiar a Ucrânia e na necessidade urgente de um cessar-fogo em Gaza", disse o porta-voz do primeiro-ministro britânico.
"Nossa posição sobre os mármores do Partenon não mudou", completou o porta-voz, acrescentando que este assunto continua sendo "responsabilidade do Museu Britânico".
No sábado, três dias antes dessa reunião, Mitsotakis disse a uma estação de televisão local, ANT1, que estava “firmemente convencido de que os frisos serão devolvidos”. As conversas com o Museu Britânico continuam”.
Essas negociações para tentar encontrar uma saída para uma disputa histórica que envenenou as relações bilaterais por décadas “não dizem respeito ao governo do Reino Unido, mas ao Museu Britânico”, confirmou o primeiro-ministro grego em sua declaração à ANT1 no sábado.
A Grécia está determinada a recuperar seu patrimônio e o ministro das Relações Exteriores, Yiorgos Gerapetritis, teve "reuniões privadas" com funcionários do Museu Britânico em "duas ou três vezes" este ano, segundo a rede de televisão Sky News.
- Conversas "muito avançadas" -
As conversas estão "muito avançadas", segundo o jornal The Guardian, que citou fontes próximas às negociações. O acordo consistiria em uma parceria cultural que faria com que os frisos fossem devolvidos a Atenas, em troca do envio de outras obras de renome para Londres.
O Projeto Partenon solicitou ao instituto YouGov em 2023 uma pesquisa que mostrou que 64% dos britânicos apoiam a devolução dos mármores.
A Grécia vem exigindo a devolução dos frisos, alegando que eles foram “saqueados” quando a Grécia estava sob ocupação otomana.
O Reino Unido, por outro lado, alega que as esculturas foram “adquiridas legalmente” em 1802 pelo diplomata britânico Lord Elgin, que as vendeu ao Museu Britânico.
A Lei do Museu Britânico de 1963 proíbe a remoção de objetos da coleção da instituição.
A Grécia negou qualquer acordo secreto, mas, de acordo com a imprensa britânica, Starmer está muito mais aberto a enviar as obras para Atenas do que seu antecessor, o conservador Rishi Sunak.
O novo Museu da Acrópole, inaugurado em 2009, reservou um espaço para os frisos que estão em Londres.
B.Shevchenko--BTB