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Senado americano sabatina escolha polêmica de Trump para o Pentágono
O Senado começou a sabatinar, nesta terça-feira (14), o gabinete de governo de Donald Trump, em uma audiência com o indicado pelo presidente eleito para dirigir o Pentágono, Pete Hegseth, que está sendo bombardeado com perguntas e críticas dos democratas.
Nos Estados Unidos, a Constituição exige que as nomeações de ministros e outros funcionários de alto escalão sejam confirmadas por uma votação no Senado, após uma audiência no comitê responsável pelo cargo.
Pete Hegseth, um ex-major de 44 anos, é o primeiro a ser sabatinado.
Trump o encarregou de "trazer a cultura da guerra de volta" ao Pentágono.
"Ele, assim como eu, quer um Pentágono profundamente focado em letalidade, meritocracia, luta, responsabilidade e prontidão", disse em comentários interrompidos por manifestantes pró-palestinos.
O congressista Mike Waltz, novo assessor de Segurança Nacional de Trump, afirmou que "chegou a hora da mudança".
Desde que foi nomeado, Hegseth declarou que deseja reformar o Pentágono de cima para baixo porque acredita que ele se tornou "demasiadamente woke", um termo usado para se referir àqueles que defendem os direitos das minorias em relação ao racismo ou questões de gênero.
Entre seus planos está o de dispensar alguns generais e proibir o alistamento de transexuais.
Os democratas multiplicaram as críticas.
"Não acredito que ele esteja qualificado para atender às exigências esmagadoras deste cargo", disse o senador Jack Reed.
O democrata listou informações "extremamente alarmantes" sobre Pete Hegseth e seu "desprezo" pelas leis da guerra, "má gestão financeira, comentários racistas e sexistas sobre homens e mulheres nas forças armadas, abuso de álcool, agressão sexual, assédio sexual e outras questões preocupantes".
O anúncio da nomeação do apresentador da Fox News como secretário de Defesa provocou forte oposição.
Ele é criticado por sua falta de experiência para comandar o exército mais poderoso do mundo e por algumas declarações polêmicas, como sua oposição à presença de mulheres nas tropas em combate.
Uma denúncia de agressão sexual em 2017 na Califórnia também veio à tona. Nenhuma queixa foi registrada na época e o ex-militar nega ter tido uma relação não consentida.
"Não sou uma pessoa perfeita, mas a redenção é real", declarou Hegseth, garantindo que foi "acusado falsamente" de agressão sexual.
- Um "vencedor" -
Ele também é acusado de consumo excessivo de álcool.
Elizabeth Warren, do Comitê de Serviços Armados, descreveu Hegseth como "um cara que ficou tão bêbado em eventos profissionais que teve que ser levado para o lado de fora várias vezes".
Em seu discurso de abertura, Hegseth denunciou "um punhado de fontes anônimas que foram autorizadas a conduzir uma campanha de difamação" contra ele.
"Infelizmente, aos nossos meios de comunicação de esquerda não importa a verdade", acrescentou.
Durante a audiência, os senadores democratas se concentraram em comentários feitos por Hegseth no passado.
A senadora Kirsten Gillibrand condenou tais declarações, afirmando que eram "muito dolorosas para os homens e mulheres que servem atualmente no exército" dos Estados Unidos.
Hegseth se defendeu, afirmando que "respeita todas as mulheres militares" e que essas críticas tinham como objetivo, na sua opinião, diminuir o nível do Exército americano.
O escolhido para a pasta de Defesa só poderá contar com três votos contrários dos republicanos se todos os democratas e independentes se opuserem a ele.
Trump apoiou Hegseth apesar da forte oposição, pois afirma que ele é um "vencedor".
- Lealdade -
O futuro presidente dos Estados Unidos já teve que lidar com a retirada forçada de Matt Gaetz, sua escolha inicial para o Departamento de Justiça, diante da oposição de muitos senadores, até mesmo do campo conservador.
Em seu primeiro mandato, Trump confiou muito no establishment republicano para nomear homens e mulheres experientes para cargos importantes, mas desta vez optou por escolher pessoas que foram leais a ele ou financiaram sua campanha.
Depois de Pete Hegseth, as audiências no Senado continuarão nos próximos dias e semanas.
A escolhida de Trump para o Departamento de Segurança Interna, Kristi Noem, está agendada para comparecer na manhã de quarta-feira, assim como Pam Bondi, nomeada para o Departamento de Justiça, e Marco Rubio, indicado como o próximo chefe da diplomacia americana.
As sabatinas de outras nomeações polêmicas, como Robert F. Kennedy Jr. para o Departamento de Saúde e Kash Patel para o FBI, não são esperadas antes de fevereiro.
G.Schulte--BTB