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Israel e Hamas chegam a acordo por trégua em Gaza e libertação de reféns
Israel e o Hamas chegaram, nesta quarta-feira (15), a um acordo para uma trégua e a libertação de reféns em poder do movimento islamista palestino, encerrando 15 meses de uma guerra que deixou dezenas de milhares de mortos em Gaza.
As negociações indiretas estavam estagnadas, mas foram aceleradas nos últimos dias, a menos de uma semana da posse de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos.
"Temos um acordo para a libertação de reféns no Oriente Médio. Serão libertados em breve. Obrigado", escreveu o republicano em sua rede Truth Social, mesmo antes da confirmação oficial pelo governo de Joe Biden.
"Um acordo para um cessar-fogo em Gaza e a liberação de reféns foi alcançado após a reunião do primeiro-ministro do Catar com os negociadores do Hamas e, separadamente, com os negociadores israelenses em seu escritório", afirmou uma fonte próxima às negociações.
As conversas ocorreram em Doha e foram mediadas por Catar, Estados Unidos e Egito. O anúncio do acordo foi recebido com gritos de alegria na Faixa de Gaza, conforme relataram jornalistas da AFP.
O cessar-fogo deverá pôr fim aos incessantes bombardeios e confrontos no território, palco de uma ofensiva implacável de Israel após o ataque do Hamas no sul de Israel em 7 de outubro de 2023, que deu início ao conflito.
Segundo duas fontes próximas ao Hamas, na primeira fase do acordo, 33 reféns devem ser libertados em troca de mil palestinos detidos por Israel. As libertações ocorreriam "em grupos, começando por crianças e mulheres".
A segunda fase do pacto incluiria a libertação dos últimos reféns, "soldados homens, homens em idade militar e os corpos dos reféns assassinados", de acordo com o jornal Times of Israel.
- "Em meio aos escombros" -
No ataque de 7 de outubro de 2023, comandos islamistas mataram 1.210 pessoas, a maioria civis, e sequestraram outras 251, segundo uma contagem da AFP com base em dados oficiais.
Dos sequestrados, 97 permanecem em cativeiro em Gaza, mas o Exército israelense estima que 34 deles foram mortos.
Após o ataque, Israel lançou uma campanha na Faixa de Gaza que custou a vida de pelo menos 46.707 pessoas, a maioria civis, de acordo com dados do Ministério da Saúde de Gaza, que a ONU considera confiáveis.
Desde o início da guerra, apenas uma trégua de uma semana foi alcançada, no final de novembro de 2023.
Apesar do avanço das negociações nos últimos dias, Israel intensificou os bombardeios em Gaza sob o pretexto de atacar combatentes do Hamas.
Pelo menos 27 pessoas morreram nesta quarta-feira, de acordo com os serviços de resgate, especialmente em Deir al Balah, no centro do território, e na Cidade de Gaza, no norte, onde um bombardeio atingiu uma escola que abrigava deslocados.
Em Deir al Balah, Nadia Madi, uma deslocada, orou por "uma trégua". "Estou disposta a reconstruir minha vida em meio aos escombros", afirmou a mulher que fugiu de sua casa, assim como quase todos os 2,4 milhões de habitantes do território sitiado.
As negociações foram aceleradas a menos de uma semana do retorno de Trump à Presidência dos Estados Unidos, em 20 de janeiro, em um contexto de pressão internacional sobre as partes envolvidas.
O republicano alertou que a região mergulharia em um "inferno" se os reféns não fossem libertados antes de sua posse.
- "Zona de contenção" -
O cessar-fogo deixa em aberto o futuro político do território, onde o Hamas, agora enfraquecido, assumiu o poder em 2007, expulsando a Autoridade Palestina, liderada pelo presidente Mahmoud Abbas.
A guerra reacendeu a ideia de uma solução de dois Estados, um israelense e outro palestino, defendida por grande parte da comunidade internacional.
Israel, que prometeu destruir o Hamas após o ataque de 7 de outubro, rejeita uma retirada total do território e se opõe a que ele seja administrado pelo Hamas ou pela Autoridade Palestina.
Os palestinos, por sua vez, afirmam que o futuro de Gaza lhes pertence e que não tolerarão qualquer interferência estrangeira.
Segundo a imprensa israelense, Israel pode manter uma "zona de contenção" do norte ao sul da Faixa durante a primeira fase da trégua.
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, propôs na terça-feira enviar uma força internacional de segurança a Gaza e colocar o território sob responsabilidade da ONU.
O.Bulka--BTB