Berliner Tageblatt - Juiz federal dos EUA bloqueia ordem executiva de Trump contra cidadania por nascimento

Juiz federal dos EUA bloqueia ordem executiva de Trump contra cidadania por nascimento
Juiz federal dos EUA bloqueia ordem executiva de Trump contra cidadania por nascimento / foto: © AFP

Juiz federal dos EUA bloqueia ordem executiva de Trump contra cidadania por nascimento

Um juiz federal de Seattle suspendeu temporariamente, nesta quinta-feira (23), a ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump que restringe o direito à cidadania por nascimento nos Estados Unidos.

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"Esta é uma ordem flagrantemente inconstitucional", afirmou o juiz John Coughenour, segundo o jornal Seattle Times, durante uma audiência em resposta a uma ação judicial contra a medida executiva apresentada por quatro estados.

Após retornar à Casa Branca, Donald Trump assinou uma série de ordens executivas destinadas a reformular o sistema migratório dos Estados Unidos, incluindo uma que busca restringir o direito de solo previsto na Constituição.

Se aplicada, a ordem impediria a emissão de passaportes, certidões de nascimento ou outros documentos para crianças cujas mães estejam no país de forma ilegal ou temporária, e cujo pai não seja cidadão americano.

Em resposta, 22 estados de tendência democrata apresentaram duas ações judiciais para bloquear a medida, enquanto uma coalizão de ativistas em defesa dos direitos dos imigrantes entrou com uma terceira ação em outro estado.

O juiz Coughenour ouviu ambas as partes durante uma audiência nesta quinta-feira, relacionada à ação movida pelos estados de Washington, Arizona, Illinois e Oregon.

"Estou no tribunal há mais de quatro décadas e não me lembro de outro caso em que a questão apresentada fosse tão clara como neste", afirmou Coughenour, segundo o Seattle Times.

"Eu realmente tenho dificuldade em entender como um membro da advocacia pode afirmar inequivocamente que essa é uma ordem constitucional", declarou o juiz ao advogado do governo Trump, conforme relataram outros meios locais. "Isso me deixa perplexo."

Essa decisão judicial é a primeira a tratar da ordem executiva que gerou fortes críticas em todo o país.

"A cidadania por direito de nascimento deixa claro que a cidadania não pode ser condicionada pela raça, etnia ou pelo local de origem dos pais", reagiu em comunicado o procurador-geral de Washington, Nick Brown.

"Nenhum presidente pode mudar a Constituição por impulso, e a decisão de hoje reafirma isso", afirmou a procuradora-geral do Arizona, Kris Mayes.

A 14ª Emenda da Constituição dos Estados Unidos foi adotada na segunda metade do século XIX, como resultado da Guerra Civil, em um esforço para garantir os direitos dos antigos escravizados e de seus descendentes.

"Todas as pessoas nascidas ou naturalizadas nos Estados Unidos, e sujeitas à sua jurisdição, são cidadãs dos Estados Unidos e do estado onde residem", declara a emenda.

O presidente de 78 anos reconheceu na segunda-feira, ao assinar a ordem, que sua ação enfrentaria desafios legais.

"Vamos ver (...). Acho que temos fundamentos muito sólidos", comentou quando questionado por jornalistas sobre o assunto.

Trump também afirmou, de forma incorreta, que os Estados Unidos seriam o único país do mundo a reconhecer o direito de solo.

Dezenas de países concedem cidadania automática a crianças nascidas em seus territórios, incluindo os vizinhos Canadá e México.

K.Brown--BTB