Berliner Tageblatt - Quinze mortos por disparos israelenses no sul do Líbano após prazo de retirada expirar

Quinze mortos por disparos israelenses no sul do Líbano após prazo de retirada expirar
Quinze mortos por disparos israelenses no sul do Líbano após prazo de retirada expirar / foto: © AFP

Quinze mortos por disparos israelenses no sul do Líbano após prazo de retirada expirar

O Exército israelense abriu fogo contra o sul do Líbano neste domingo (26), matando 15 pessoas, incluindo um militar libanês, enquanto centenas de pessoas retornavam a seus vilarejos, após expirar o prazo para a retirada das tropas israelenses como parte de uma trégua com o Hezbollah.

Tamanho do texto:

Correspondentes da AFP viram comboios de dezenas de carros, alguns com bandeiras amarelas do Hezbollah, dirigindo-se para localidades devastadas pela guerra entre o movimento pró-iraniano e o Exército israelense.

Segundo o acordo que pôs fim, em 27 de novembro, a dois meses de conflito, o Exército israelense deveria concluir neste domingo, após 60 dias de prazo, sua retirada do sul do Líbano. No entanto, Israel já declarou que a operação militar continuará.

Segundo esse pacto, apenas o Exército libanês e os capacetes azuis da ONU podem ser destacados no sul do Líbano.

O Exército israelense abriu fogo em várias localidades fronteiriças contra "cidadãos que tentavam retornar aos seus vilarejos", deixando 15 mortos e 83 feridos, informou o Ministério da Saúde.

Este balanço inclui um militar libanês, um óbito que o Exército também reportou, além de outro soldado ferido.

Grupos de moradores, muitos deles mulheres, com imagens de seus familiares mortos na guerra, se dirigiam a pé ou de moto para a localidade fronteiriça de Mais al Jabal, conforme constatado pela AFP.

O presidente libanês, Joseph Aoun, pediu à população para manter "a calma" e confiar em seu Exército, que busca "garantir o retorno seguro aos seus lares e vilarejos".

O Exército libanês havia aconselhado a população a não se dirigir para as áreas ainda ocupadas pelas tropas israelenses.

- "Cautela" -

A ONU também pediu "cautela" aos deslocados.

"As condições ainda não foram estabelecidas para o retorno seguro dos cidadãos às suas aldeias ao longo da Linha Azul", afirmaram em um comunicado conjunto a representante da ONU para o Líbano, Jeanine Hennis-Plasschaert, e o general Aroldo Lázaro, comandante da Força Provisória das Nações Unidas no Líbano (Unifil, na sigla em inglês), referindo-se à fronteira entre os dois países, delimitada pela ONU.

De acordo com o acordo de 27 de novembro, o Hezbollah, enfraquecido na guerra, deve retirar suas forças para o norte do rio Litani, cerca de 30 quilômetros da fronteira, e desmantelar sua infraestrutura militar no sul.

Israel evacuou a zona costeira do sul do Líbano, mas permanece em áreas mais a leste.

O gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, anunciou na sexta-feira que a retirada continuaria além do prazo de 26 de janeiro.

"O acordo de cessar-fogo não foi plenamente cumprido pelo Líbano, e o processo de retirada em etapas continuará", afirmou sobre a adoção do pacto, supervisionado pelos Estados Unidos.

Após afirmar que o Exército libanês e o Hezbollah não respeitaram os termos do acordo, Netanyahu insistiu que Israel "não colocará em risco seus cidadãos no norte do país".

- Mais de 4.000 mortos -

As hostilidades entre Israel e Hezbollah forçaram 60.000 israelenses e outros 900.000 libaneses a fugir de suas casas. A guerra deixou mais de 4.000 mortos, de acordo com as autoridades libanesas.

O deputado do Hezbollah, Ali Fayyad, afirmou no sábado que "os pretextos invocados por Israel" visam "seguir uma política de terra arrasada" e tornar "o retorno dos moradores (ao sul) impossível".

Joseph Aoun conversou por telefone com seu homólogo francês, Emmanuel Macron, sobre "a necessidade de forçar Israel a respeitar as disposições do acordo para preservar a estabilidade no sul", segundo a presidência em Beirute.

O Hezbollah abriu uma frente contra Israel um dia após o ataque do movimento palestino Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023, que desencadeou a guerra na Faixa de Gaza, onde também vigora uma trégua desde 19 de janeiro.

Essa frente se transformou em uma guerra aberta em setembro, com bombardeios israelenses contra a capital Beirute e vários ataques ao Hezbollah, incluindo o assassinato de seu líder, Hassan Nasrallah.

O Hezbollah declarou na quinta-feira que "qualquer descumprimento do prazo de 60 dias será considerado uma violação flagrante do acordo de cessar-fogo".

Tal ação obrigará o Estado libanês a usar "todos os meios necessários (...) para recuperar a terra e arrancá-la das garras da ocupação", acrescentou o movimento, que, no entanto, não ameaçou com uma retomada dos ataques.

M.Odermatt--BTB