Berliner Tageblatt - Israel se retira mas mantém cinco posições 'temporariamente' do sul do Líbano

Israel se retira mas mantém cinco posições 'temporariamente' do sul do Líbano
Israel se retira mas mantém cinco posições 'temporariamente' do sul do Líbano / foto: © AFP

Israel se retira mas mantém cinco posições 'temporariamente' do sul do Líbano

As tropas israelenses se retiraram nesta terça-feira (18) de suas posições no sul do Líbano, com exceção de "cinco pontos estratégicos", o que permite o retorno dos deslocados às localidades fronteiriças destruídas por mais de um ano de guerra com o movimento pró-Irã Hezbollah.

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"O vilarejo foi reduzido a escombros. É uma zona de catástrofe", afirmou o morador Alaa al Zein, que retornou a Kfar Kila após o fim do prazo estabelecido pelo acordo de cessar-fogo entre Hezbollah e Israel para a retirada das tropas israelenses.

Os escombros e os controles militares não permitem a entrada de veículos: os habitantes estacionaram os veículos na entrada do vilarejo e seguiram a pé.

Muitos retornavam para casas, granjas e estabelecimentos comerciais destruídos ou gravemente danificados, após mais de um ano de confrontos que incluíram dois meses de guerra total - durante os quais as tropas israelenses tomaram posições nesta área do sul do Líbano fronteiriça com o norte de Israel - que terminaram com um cessar-fogo em 27 de novembro.

Segundo os termos do acordo, as tropas israelenses deveriam abandonar completamente o Líbano em 18 de fevereiro, após um primeiro adiamento da data inicialmente prevista de 26 de janeiro.

Israel, no entanto, anunciou que manterá "cinco pontos estratégicos" perto da fronteira e o ministro da Defesa do país, Israel Katz, prometeu agir contra "qualquer violação" da trégua por parte do Hezbollah.

Israel permanecerá "temporariamente por motivos de segurança", afirmou o ministro das Relações Exteriores, Gideon Saar, até que as Forças Armadas libanesas consigam "aplicar plenamente sua parte do acordo".

- "Ocupação" -

O Líbano afirmou nesta terça-feira que está preparado para assumir a gestão da fronteira, denunciou a presença israelense em seu território como uma "ocupação" e anunciou que levará o caso ao Conselho de Segurança da ONU para pressionar pela retirada total de Israel.

"Em coordenação com o comitê do quinteto responsável por supervisionar o acordo de cessar-fogo (...) e com a Força Interina das Nações Unidas no Líbano" (Unifil), as unidades libanesas assumiram posições em uma dezena de localidades no sul do país após a saída das forças israelenses, informou o Exército do Líbano.

O canal libanês LBCI informou que as tropas foram mobilizadas "durante a noite" nas localidades de Yarun, Marun, Blida, Mahbib e Mais al-Yabal.

Em uma declaração conjunta, a enviada da ONU Jeanine Hennis-Plasschaert e a Unifil afirmaram que, ao "finalizar o período estabelecido" para a retirada de Israel e a mobilização do Exército libanês, qualquer novo "atraso neste processo" constitui uma violação de uma resolução do Conselho de Segurança de 2006 que acabou com guerra anterior entre Israel e Hezbollah.

Quase 100.000 libaneses, entre mais de um milhão de deslocados pelo conflito, permanecem no exílio, segundo a ONU.

Os deslocados esperam conseguir retornar para suas casas e avaliar o estado de suas residências, além de recuperar os corpos dos combatentes, alguns falecidos há vários meses.

Vários municípios pediram aos seus habitantes que aguardem a presença do Exército libanês na região para garantir a segurança.

- Mais de 4.000 mortos -

Segundo os termos do acordo de trégua, o Hezbollah se comprometeu a desmantelar suas infraestruturas e a transferir suas unidades para o norte do rio Litani, a quase 30 km da fronteira israelense.

O influente movimento armado, que dominou a vida política do Líbano por anos, foi fundado e financiado pelo Irã, inimigo declarado de Israel.

No início da guerra na Faixa de Gaza, desencadeada pelo ataque do movimento islamista palestino Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023, o Hezbollah abriu uma frente contra Israel, lançando foguetes contra o território israelense a partir de seus redutos no sul do Líbano.

O movimento afirmou que atuava "em apoio aos palestinos" e seu aliado Hamas, outro movimento pró-Irã.

Os disparos transfronteiriços resultaram em setembro de 2024 em uma guerra aberta, da qual o Hezbollah saiu enfraquecido e com seus líderes dizimados.

Mais de 4.000 pessoas morreram no Líbano desde o início das hostilidades em outubro de 2023, segundo o Ministério da Saúde. Em Israel, o balanço é de 78 mortos, incluindo soldados, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, e outros 56 soldados morreram no sul do Líbano durante a ofensiva terrestre.

D.Schneider--BTB