Berliner Tageblatt - Zelensky deseja 'vínculos sólidos' com EUA, apesar das críticas de Trump

Zelensky deseja 'vínculos sólidos' com EUA, apesar das críticas de Trump
Zelensky deseja 'vínculos sólidos' com EUA, apesar das críticas de Trump / foto: © UKRAINIAN PRESIDENTIAL PRESS SERVICE/AFP

Zelensky deseja 'vínculos sólidos' com EUA, apesar das críticas de Trump

O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, afirmou nesta quinta-feira (20) que deseja "vínculos sólidos" com os Estados Unidos, um dia depois de Donald Trump o chamar de "ditador" e após sua reunião em Kiev com o emissário americano Keith Kellogg.

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As tensões entre Zelensky e Trump se exacerbaram esta semana, depois da reunião de alto nível entre Rússia e Estados Unidos, a poucos dias de a invasão russa à Ucrânia completar três anos.

Zelensky afirmou nesta quinta-feira que teve uma "reunião produtiva" com Kellogg.

"Tivemos uma conversa detalhada sobre a situação no campo de batalha, sobre como conseguir o retorno dos prisioneiros de guerra e implementar garantias de segurança efetivas", escreveu Zelensky nas redes sociais.

"Relações sólidas entre Ucrânia e Estados Unidos beneficiam o mundo inteiro", declarou.

Os Estados Unidos têm sido o principal apoio militar e econômico da Ucrânia, mas o diálogo aberto por Trump com o presidente russo, Vladimir Putin, gera preocupação na ex-república soviética e nos países europeus, que temem ficar marginalizados das conversas para encerrar o conflito.

Trump e Zelensky trocaram duros ataques pessoais e, na quarta-feira, o mandatário ucraniano acusou o presidente republicano de viver em "um espaço de desinformação" russo e de ajudar Putin a "sair de anos de isolamento".

Em resposta, Trump o chamou de "ditador" e ressaltou que "deveria agir rápido ou não lhe restará um país".

A tensão refletiu-se na falta de um comunicado conjunto após o encerramento da reunião, como é habitual neste tipo de encontro.

- 'Inaceitáveis' -

Em sua enxurrada de críticas, o presidente americano citou, entre outras coisas, números falsos sobre a popularidade de Zelensky e o instou a convocar eleições.

O mandato de Zelensky deveria ter terminado em maio de 2024, mas a Ucrânia não organizou eleições por causa da lei marcial que impera devido ao conflito. A guerra obrigou milhões de pessoas a fugirem do país, onde 20% do território está sob ocupação russa.

Nos Estados Unidos, alguns altos cargos do governo pediram a Zelensky que baixasse o tom antes da reunião com Kellogg.

As críticas da Ucrânia aos Estados Unidos são "inaceitáveis", disse à emissora Fox News o conselheiro de segurança nacional de Trump, Mike Waltz.

Diante da virulência das acusações de Trump, o presidente ucraniano recebeu apoio de vários líderes europeus, em especial do chanceler alemão, Olaf Scholz; do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, e do presidente francês, Emmanuel Macron.

"A Ucrânia é uma democracia, a Rússia de Putin, não", disse o porta-voz da União Europeia, Stefan Keersmaecker, nesta quinta, acrescentando que Zelensky foi "legitimamente eleito em eleições livres".

O chefe de governo espanhol, Pedro Sánchez, anunciou que viajará a Kiev na segunda-feira, data do terceiro aniversário da invasão russa, para "reafirmar o apoio da Espanha à democracia ucraniana".

- 'Poucas coisas concretas' -

"Decidiu-se começar a retomada do diálogo russo-americano em todos os aspectos", disse o porta-voz da Presidência russa, Dmitry Peskov, acrescentando que Moscou estava "absolutamente de acordo" com a abordagem de Washington para resolver o conflito na Ucrânia.

Peskov, no entanto, disse que, por enquanto, há "poucas coisas concretas" devido principalmente a "discordâncias entre Washington e Kiev".

O porta-voz do Kremlin, no entanto, enfatizou que Washington continua sendo a "principal locomotiva" e a fonte da "maior contribuição financeira para alimentar" a guerra.

Putin comemorou a retomada do diálogo entre o seu país e os Estados Unidos nesta quinta-feira.

"Eu adoraria me reunir com Donald [Trump]", acrescentou o presidente russo, referindo-se ao seu colega americano pelo primeiro nome.

G.Schulte--BTB