Berliner Tageblatt - Líderes árabes se reúnem em Riade para discutir plano de Trump sobre Gaza

Líderes árabes se reúnem em Riade para discutir plano de Trump sobre Gaza
Líderes árabes se reúnem em Riade para discutir plano de Trump sobre Gaza / foto: © AFP

Líderes árabes se reúnem em Riade para discutir plano de Trump sobre Gaza

A Arábia Saudita organiza nesta sexta-feira (21) uma reunião de cúpula com oito líderes árabes para discutir um plano que responda à proposta de Donald Trump de colocar a Faixa de Gaza sob controle dos Estados Unidos e deslocar sua população para outros países.

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A ideia de Trump para o futuro de Gaza gerou rejeição nos países árabes, mas não há consenso sobre quem deve governar o território palestino e como financiar sua reconstrução após a guerra.

Uma fonte próxima ao governo saudita disse à AFP que a reunião ocorreu e terminou no início da tarde, mas ainda não foi publicada uma declaração final.

A televisão estatal saudita publicou imagens do príncipe herdeiro Mohamed bin Salman com os líderes do Egito, Jordânia e outros países do Conselho de Cooperação do Golfo, com exceção de Omã.

O gabinete do presidente egípcio, Abdel Fatah al Sisi, informou que ele já deixou a capital saudita após se reunir com dignitários de Bahrein, Jordânia, Kuwait, Catar, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos.

Uma fonte saudita indicou antes do início do encontro que estava prevista a presença de representantes da Autoridade Palestina, que tem poderes administrativos limitados na Cisjordânia ocupada e não está alinhado ao Hamas, que governa Gaza.

O presidente americano propôs o deslocamento dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza para a Jordânia e o Egito, com o objetivo de transformar o território em um destino turístico de luxo, que chamou de "a Riviera do Oriente Médio".

A ideia gerou indignação e espanto em grande parte da comunidade internacional, mas agradou Israel.

- "Plano egípcio" -

O analista Andreas Krieg, do King's College de Londres, considera que este é o encontro "mais importante em muito tempo" na região.

"Estamos diante de uma grande mudança histórica no conflito árabe-israelense ou palestino-israelense (...) em que os Estados Unidos, sob a presidência de Trump, poderiam instaurar novas realidades irreversíveis na região", disse.

Uma fonte próxima ao governo saudita afirmou à AFP que os líderes árabes discutirão um "plano de reconstrução alternativo ao de Trump para Gaza".

O rei Abdullah II da Jordânia disse na semana passada, durante uma visita à Casa Branca, que o Egito apresentaria um projeto em resposta à proposta de Trump.

Segundo a fonte próxima ao governo saudita, a reunião em Riade se concentrará precisamente em um "plano egípcio de reconstrução" de Gaza.

O Egito não comentou oficialmente nenhum detalhe dessa proposta.

Para reduzir as expectativas, a Arábia Saudita apresenta a cúpula como "uma reunião fraternal informal" dos líderes dos seis países do Golfo, além do Egito e da Jordânia.

As decisões dos participantes na reunião serão incluídas na agenda de outra cúpula árabe, prevista para acontecer no Egito em 4 de março, afirmaram os organizadores.

- O desafio do financiamento -

A Faixa de Gaza foi devastada por 15 meses de guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada pelo ataque sem precedentes do movimento palestino em 7 de outubro de 2023.

A reconstrução do pequeno território, controlado pelo Hamas desde 2007, é avaliada em mais de 53 bilhões de dólares (302 bilhões de reais), segundo a ONU.

Para os líderes árabes, é fundamental apresentar um plano alternativo para a reconstrução de Gaza depois que Trump apontou a magnitude da tarefa como uma justificativa para o deslocamento da população.

O Egito não delineou os detalhes de sua proposta, mas o ex-diplomata egípcio Mohamed Hegazy, membro do Conselho Egípcio de Assuntos Externos, um think tank no Cairo, destacou que o plano tem três fases e exigirá de três a cinco anos.

"Durante a primeira fase, de seis meses (...), equipamentos pesados irão remover os escombros e preparar três zonas seguras para reassentar os deslocados", explicou.

Durante este período, residências temporárias serão entregues aos habitantes.

A segunda fase exigirá "uma conferência internacional sobre a reconstrução" e a terceira buscará "relançar um processo político visando uma solução de dois Estados", acrescentou.

"O maior desafio do plano egípcio é seu financiamento", indicou um diplomata árabe à AFP, além da delicada questão da governança de Gaza após a guerra.

M.Ouellet--BTB