Berliner Tageblatt - Macron diz que paz na Ucrânia não pode ser sinônimo de 'capitulação'

Macron diz que paz na Ucrânia não pode ser sinônimo de 'capitulação'
Macron diz que paz na Ucrânia não pode ser sinônimo de 'capitulação' / foto: © AFP

Macron diz que paz na Ucrânia não pode ser sinônimo de 'capitulação'

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse nesta segunda-feira (24), em entrevista coletiva, que a paz não pode passar por uma "capitulação" da Ucrânia, mas que acredita que "um caminho" pode ser seguido com o colega americano, Donald Trump, para encerrar a guerra.

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Macron insistiu na necessidade de oferecer "garantias de segurança" para evitar que o presidente russo, Vladimir Putin, volte a atacar. "Queremos um acordo rápido, mas não um acordo frágil."

Mais cedo, Trump ressaltou o que chamou de sua "relação especial" com Macron, e disse que pode encerrar o conflito bélico em algumas semanas.

O presidente americano acrescentou que a assinatura de um acordo com a Ucrânia para ter acesso aos minerais deste país está "muito próxima". Até mencionou a possibilidade de o presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, ir à Casa Branca para ratificá-lo "nesta semana ou na próxima".

Para ele, é uma forma de os Estados Unidos recuperarem a bilionária assistência desembolsada para ajudar Kiev desde a invasão russa de fevereiro de 2022.

O republicano conta principalmente com o diálogo com o presidente russo, Vladimir Putin, para deter os combates. Este último disse hoje que os europeus poderiam participar do processo de solução do conflito.

"Os europeus estão dispostos a chegar até o envio de tropas" à Ucrânia para garantir que "a paz seja respeitada", indicou Macron, acrescentando que a Europa está disposta a "fortalecer" sua defesa.

Os dois presidentes trocaram elogios e fizeram piadas, em um tom descontraído. Também deram fortes apertos de mão - o que se tornou uma espécie de símbolo da relação-, como já faziam no primeiro mandato de Trump (2017-2021).

Por trás dessa cordialidade, persistem divergências sobre a Ucrânia. Na frente do americano, o presidente francês chamou a Rússia de "agressor". O magnata republicano, por outro lado, insiste em colocar os dois países no mesmo nível, quando não responsabiliza Zelensky, como fez recentemente.

- ONU -

Em paralelo à reunião em Washington, americanos e europeus se enfrentaram na ONU. Assim como a Rússia, os Estados Unidos votaram contra um projeto de resolução adotado pela Assembleia Geral da ONU que reitera o apoio à Ucrânia e à sua integridade territorial.

"Este deve ser o ano do início de uma paz real e duradoura", disse Zelensky, ao presidir uma reunião em Kiev com uma dezena de líderes ocidentais que o apoiam.

Três anos depois de tentar dissuadir Putin de atacar, Macron embarca em uma missão igualmente incerta com o presidente dos Estados Unidos, que nunca escondeu seu fascínio por líderes autoritários e que adota uma abordagem diplomática transacional.

"Eu faço negócios. Minha vida inteira gira em torno de fazer negócios. Isso é tudo o que sei fazer", disse o republicano, que afirmou realizar uma grande ruptura com a política externa "do passado" dos Estados Unidos, que, depois de 1945, apresentou-se como garantidor dos valores democráticos e protetor da Europa, via Otan.

Nesta segunda-feira, Trump voltou a anunciar acordos econômicos com a Rússia, alvo de inúmeras sanções dos Estados Unidos. O presidente russo apoiou os investimentos americanos nos territórios ocupados da Ucrânia e disse que Zelensky está em vias de se tornar uma "personalidade tóxica".

T.Bondarenko--BTB