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Zelensky propõe trégua no céu e mar e diz querer 'consertar as coisas' com Trump
O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, propôs nesta terça-feira uma trégua com a Rússia que interrompa os ataques aéreos e marítimos, além de conversas sobre "uma paz duradoura" sob "a liderança" do presidente americano, Donald Trump, com quem disse querer "consertar as coisas".
Zelensky também afirmou estar disposto a firmar um acordo sobre a exploração dos recursos naturais ucranianos pelos Estados Unidos.
Um dia após Washington anunciar uma pausa em sua ajuda militar à Ucrânia, Zelensky disse ter pedido "informações oficiais" sobre essa decisão, e ressaltou que os dois países "merecem um diálogo respeitoso e uma posição clara".
"Minha equipe e eu estamos dispostos a trabalhar sob a liderança do presidente Trump para conseguir uma paz duradoura", publicou o presidente ucraniano um pouco antes, na rede social X, assegurando que queria "consertar as coisas" após a discussão acalorada de sexta-feira.
"As primeiras etapas poderiam ser a libertação de prisioneiros e uma trégua no céu, [com] proibição de mísseis, drones de longo alcance, bombas contra infraestruturas" civis, sobretudo energéticas, e "uma trégua no mar imediatamente, se a Rússia fizer o mesmo", indicou o presidente ucraniano.
Zelensky assegurou que a Ucrânia é "grata" aos Estados Unidos por sua ajuda militar, no que parecia ser uma resposta às críticas de Trump, que o havia acusado de ingratidão em relação a Washington por seus esforços para pôr fim à guerra, durante o bate-boca de sexta na Casa Branca.
- Mobilização europeia -
O assessor da Presidência ucraniana Mykhailo Podoliak disse hoje que estava "discutindo opções" com os parceiros europeus, no mesmo dia em que a União Europeia (UE) lançou um plano de rearmamento dos seus membros que poderia mobilizar até 800 bilhões de euros (4,9 trilhões de reais) para a Defesa.
"A Europa enfrenta um perigo claro e imediato de uma magnitude que nenhum de nós jamais conheceu em nossa vida adulta", disse a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em carta aos líderes dos 27 países-membros. O projeto será analisado nesta semana, durante uma reunião de cúpula europeia focada na Ucrânia e na segurança da Europa.
O futuro chefe de governo da Alemanha, Friedrich Merz, anunciou que seu país destinará um pacote adicional de 3 bilhões de euros em ajuda militar à Ucrânia. Já o premier polonês, Donald Tusk, considerou a situação "muito grave" e que os europeus devem "estar à altura", e lamentou que os Estados Unidos tenham tomado essa decisão "de grande importância política" sem ter "consultado" nem "informado" seus aliados.
O chefe de governo britânico, Keir Starmer, manifestou sua vontade de diálogo com os Estados Unidos, seus "parceiros europeus" e Kiev. "Ninguém quer mais a paz do que a Ucrânia", afirmou uma porta-voz do gabinete de Starmer.
- 'Facada nas costas' -
Os Estados Unidos têm sido o maior doador financeiro e militar da Ucrânia desde o início da invasão russa em 24 de fevereiro de 2022. Desde então, Washington, sob o comando do democrata Joe Biden, forneceu inúmeros equipamentos potentes e modernos, incluindo sistemas antiaéreos Patriot, para permitir que a Ucrânia se proteja do bombardeio russo.
De acordo com o Departamento de Estado, Washington forneceu 65,9 bilhões de dólares (385 bilhões de reais) em ajuda militar à Ucrânia desde a invasão.
Mas nas poucas semanas desde a chegada de Trump, a posição de Washington em relação à guerra se inverteu completamente e até começou uma aproximação com a Rússia.
"Estamos fazendo uma pausa e revisando nossa ajuda para termos a garantia de que vai contribuir para uma solução", afirmou na segunda-feira um funcionário americano que pediu anonimato.
"O presidente deixou claro que está focado na paz. Precisamos que nossos parceiros também se comprometam com esse objetivo", frisou.
"A Rússia não conseguiu tomar Kiev, mas tomou Washington rapidamente", opinou, por sua vez, Bojena Antoniak, redatora em uma editora ucraniana.
Depois do bate-boca com Zelensky na Casa Branca na sexta-feira, Donald Trump intensificou na segunda suas ameaças contra a contraparte ucraniana, que disse que via paz ainda "muito distante".
"Esse cara não vai querer a paz enquanto tiver o apoio dos Estados Unidos", afirmou o presidente americano, que advertiu que não vai tolerar "mais por muito tempo" as posições da contraparte ucraniana.
S.Keller--BTB