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China estabelece meta de crescimento de 'cerca de 5%' apesar da guerra comercial
A China anunciou nesta quarta-feira (5) uma meta de crescimento do de "cerca de 5%" do PIB em 2025, apesar da incipiente guerra comercial com os Estados Unidos e dos problemas internos que afetam a segunda maior economia mundial.
O primeiro-ministro Li Qiang anunciou o objetivo durante a abertura da sessão anual da Assembleia Popular Nacional (APN), o principal evento político na China, que é estritamente controlado pelo Partido Comunista.
Diante de uma economia afetada por uma crise persistente no antes crucial setor imobiliário, do consumo frágil e do elevado índice de desemprego entre os jovens, Li também propôs um aumento do déficit público e o estímulo da demanda interna para transformá-la no "principal motor" em 2025.
A meta de crescimento de "cerca de 5%" é idêntica ao objetivo do ano passado e está alinhada com as previsões dos analistas entrevistados pela AFP.
O país também estabeleceu a meta de 2% de inflação e pretende criar 12 milhões de novos empregos urbanos este ano, segundo um documento oficial apresentado durante a reunião dupla do Parlamento e de um órgão consultivo do governo.
Pequim também prevê o aumento neste ano do déficit orçamentário para 4% do PIB, até o total de cerca de 5,6 trilhões de yuanes (770 bilhões de dólares, 4,53 trilhões de reais).
O objetivo de Pequim "parece complicado, mas alcançável", afirmou Dylan Loh, professor adjunto da Universidade de Tecnologia de Nanyang, em Singapura.
Mas os níveis de consumo reduzidos apontam para "um problema de confiança" das famílias que é "muito mais difícil de solucionar", acrescentou.
Julian Evans-Pritchard, analista da empresa Capital Economics, também expressou ceticismo "sobre a capacidade de evitar uma desaceleração do crescimento este ano", em particular "diante da ausência de uma reorientação mais acentuada dos gastos públicos para sustentar o consumo".
A meta de crescimento "foi alcançada por pouco no ano passado, graças a exportações mais fortes que o previsto e um plano de estímulo de última hora", explicou.
- "Principal motor" -
"E mesmo com os esforços, a veracidade do crescimento de 5% publicado pelo Escritório Nacional de Estatística da China é questionável", ressaltou Evans-Pritchard.
Além das dificuldades internas, a economia chinesa enfrenta a guerra comercial com os Estados Unidos, que elevaram a 20% as tarifas adicionais sobre os produtos importados do país asiático.
As tarifas afetarão o comércio de centenas de bilhões de dólares entre as duas principais potências mundiais e provavelmente terão consequências para as exportações chinesas, um dos seus motores de crescimento.
No documento apresentado por Li Qiang, as autoridades destacam que "o unilateralismo e o protecionismo estão em alta no mundo" e reconhecem que "as bases de uma recuperação e crescimento econômicos sustentáveis na China não são suficientemente fortes".
Diante da conjuntura, o primeiro-ministro propôs transformar a demanda interna no "principal motor" do crescimento econômico.
"Devemos avançar mais rapidamente para abordar a demanda interna inadequada, em particular o consumo insuficiente, e fazer com que a demanda interna seja o principal motor e âncora do crescimento econômico", segundo o texto.
A China retaliou imediatamente as medidas comerciais de Donald Trump com tarifas de 10% e 15% às importações de alimentos americanos como a soja, carne de porco, trigo e milho, que entrarão em vigor no dia 10 de março.
Também advertiu que se Washington "persistir em elevar uma guerra tarifária, uma guerra comercial, ou qualquer outro tipo de guerra, a parte chinesa combaterá até o final".
O economista Lynn Song, do ING, considerou a represália de Pequim "uma resposta relativamente moderada" frente às tarifas de Trump, que afetam todos os produtos importados da China.
- Aumento do gasto militar -
Durante a abertura da sessão parlamentar, a China anunciou que seu orçamento de Defesa aumentará 7,2% em 2025, alcançando 1,78 trilhão de yuans (245,7 bilhões de dólares, 1,44 trilhão de reais).
O país aumentou os gastos militares nas últimas décadas para modernizar suas Forças Armadas e é a segunda nação do planeta que mais gasta em Defesa, muito distante dos Estados Unidos.
Analistas preveem que a rivalidade geopolítica entre Pequim e Washington ficará mais intensa nos próximos meses.
O status de Taiwan, uma ilha com governo e exército próprios que a China reivindica como parte de seu território, é um dos principais focos de tensão entre as duas grandes potências.
Trump propôs uma redução nos orçamentos de Defesa dos Estados Unidos, Rússia e China, mas Pequim desconfia de suas intenções.
Um porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China disse no mês passado que qualquer redução nos gastos militares deveria começar pelo orçamento dos Estados Unidos.
P.Anderson--BTB