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Confrontos violentos com policiais em protesto de aposentados e torcedores de futebol na Argentina
Violentos confrontos entre manifestantes e a polícia, com pedras, spray de pimenta e balas de borracha, ocorreram nesta quarta-feira (12) em Buenos Aires em uma manifestação em apoio aos aposentados, que exigem um ajuste nos benefícios e contam com o apoio dos torcedores de futebol argentino.
Centenas de pessoas marchavam pela Avenida 9 de Julho, muitos identificados com camisetas e bandeiras de clubes de futebol, enquanto ocorriam os incidentes em torno do Congresso em protesto contra o ajuste fiscal do presidente ultraliberal Javier Milei.
Os incidentes começaram pouco antes das 17h00, quando os manifestantes, convocados também por organizações sociais e sindicais, desafiaram os cordões policiais que buscavam liberar as vias em frente ao Congresso, protegido por uma linha de barreiras metálicas.
Os manifestantes lançavam pedras retiradas das calçadas quebradas, fogos de artifício e bombas de efeito moral, enquanto a polícia tentava retomar as ruas com um caminhão com canhão de água, spray de pimenta e balas de borracha. Um veículo e dois contêineres de lixo foram incendiados e pelo menos duas pessoas foram detidas, constatou a AFP, enquanto a imprensa local informou sobre outras duas detenções.
Os participantes cantavam "Milei, lixo, você é a ditadura!"; em alguns momentos, o cântico "Que saiam todos!" foi unânime.
Há anos, toda quarta-feira ocorre uma mobilização de aposentados, geralmente de poucas dezenas de pessoas, em protesto contra a degradação de seu poder aquisitivo, especialmente após a queda brutal de seus benefícios nos primeiros meses da presidência de Milei.
Nos últimos meses, esses protestos semanais têm sido reprimidos pela polícia com gás lacrimogêneo lançado contra os idosos.
As imagens de um aposentado com a camiseta do Chacarita atingido pelo gás da polícia durante uma das marchas aumentaram a presença, na semana passada, de um grupo de torcedores desse clube em outra manifestação.
Desde então, viralizou um vídeo de Diego Maradona no qual ele afirma: "É preciso ser muito covarde para não defender os aposentados". O astro do futebol pronunciou essa frase em 1992, e suas palavras agora se tornaram um estandarte dos torcedores de futebol que se uniram às manifestações.
Entre eles estavam torcedores do River Plate, Boca Juniors, Racing e Independiente.
- Em "defesa de nossos avós" -
A convocação se espalhou rapidamente entre as chamadas "peñas" dos clubes, espaços sociais onde os torcedores se reúnem também para debater.
"Nos expulsaram da Praça do Congresso e estamos indo para a Praça de Maio em defesa de nossos avós", comentou à AFP Patricia Mendía, de 60 anos, enquanto a marcha seguia até a emblemática praça onde está localizada a Casa Rosada (sede do governo), com o lema "A pátria não se vende".
Mendía estava vestindo a camiseta do clube Quilmes e acompanhada de sua mãe de 84 anos. "Temos que nos unir e sair para a rua para defender nossos direitos e nossa soberania", acrescentou.
A ministra de Segurança, Patricia Bullrich, publicou uma foto em sua conta no X que mostrava uma linha de membros das forças de segurança na rua frente a um grupo de manifestantes parados na calçada.
"Nossas Forças estão mobilizadas para cumprir o protocolo: o trânsito não é interrompido e os torcedores, na calçada", escreveu Bullrich acompanhando a foto.
Grupos de manifestantes cantaram para a polícia: "Se tocarem nos velhos, vai ter confusão", enquanto outros entoavam gritos de apoio a Maradona: "Olé, olé, Diego, Diego".
A política de Milei de liberar os preços dobrou em um ano o valor dos medicamentos e as tarifas dos serviços essenciais.
Quase 60% dos aposentados recebem o benefício mínimo, equivalente a cerca de 340 dólares (R$ 1.980). O governo congelou no ano passado um bônus de reforço que esse grupo de aposentados recebe, equivalente a 70 dólares (R$ 408).
A.Gasser--BTB