Berliner Tageblatt - SpaceX comemora 'dia incrível' mesmo com perda de foguete

SpaceX comemora 'dia incrível' mesmo com perda de foguete
SpaceX comemora 'dia incrível' mesmo com perda de foguete / foto: © AFP

SpaceX comemora 'dia incrível' mesmo com perda de foguete

O terceiro voo de teste do megafoguete Starship da SpaceX terminou nesta quinta-feira (14) com a perda da nave quando retornava à Terra, embora a empresa espacial americana tenha comemorado um "dia incrível" no qual afirmou ter cumprido novos objetivos.

Tamanho do texto:

"O Starship nunca voou tão longe ou tão rápido", afirmou uma comentarista durante uma transmissão ao vivo da empresa do bilionário Elon Musk.

O foguete de 120 metros de altura - o maior e mais potente do mundo - decolou de Boca Chica, Texas, no sul dos Estados Unidos, o mesmo local das tentativas anteriores que terminaram em explosões no ano passado.

A transmissão ao vivo de seu terceiro voo, acompanhada por três milhões de pessoas, mostrou a nave se afastando da Terra e depois iluminada de laranja ao fazer sua reentrada na atmosfera, devido ao calor do atrito.

"Imensas felicitações a todas as equipes por este dia incrível", escreveu na rede X Gwynne Shotwell, número dois da SpaceX, antes de enumerar as muitas conquistas da missão.

A SpaceX tinha uma longa lista de objetivos para este terceiro teste, entre eles, efetuar um "retorno controlado" da nave à Terra.

O megafoguete Starship é composto por dois estágios ou partes: o propulsor Super Heavy com 33 motores e, acima dele, a nave Starship.

As duas partes se separaram com sucesso poucos minutos depois da decolagem. No entanto, o propulsor, que deveria ter amerissado suavemente no Golfo do México, não conseguiu completar a manobra e experimentou uma "amerissagem forte", segundo a transmissão oficial.

A nave continuou voando por cerca de uma hora, superando a fronteira do espaço ao atingir mais de 200 quilômetros de altura.

O foguete deveria amerissar no Oceano Índico ao fim do teste, mas acabou "perdido" ao retornar à atmosfera terrestre.

Esta foi a primeira vez que a SpaceX pôs à prova o escudo térmico de Starship, feito de 18.000 ladrilhos de cerâmica na cor preta.

A agência reguladora de aviação dos Estados Unidos, FAA, anunciou que, assim como nos testes anteriores, vai supervisionar a investigação da SpaceX sobre as falhas durante a operação.

- Transferência de combustível -

A empresa de Elon Musk conta com Starship para atingir seu objetivo de levar a humanidade a Marte. A agência espacial americana, Nasa, também quer utilizá-lo para transportar seus astronautas à Lua durante a missão Artemis 3, em 2026.

O administrador da Nasa, Bill Nelson, parabenizou a SpaceX nesta quinta por seu terceiro voo "bem-sucedido".

No primeiro teste, em abril de 2023, a SpaceX foi forçada a explodir Starship poucos minutos após o lançamento, uma vez que os dois estágios não conseguiram se separar. O foguete acabou se desintegrando em uma bola de fogo e caiu no Golfo do México.

No segundo, em novembro do mesmo ano, o propulsor se separou da nave espacial, mas logo depois ambos explodiram sobre o oceano. A nave, entretanto, havia alcançado uma altitude de aproximadamente 150 quilômetros, entrando no espaço.

Para este terceiro voo, a SpaceX testou a abertura da escotilha que poderá ser usada no futuro para liberar cargas, como satélites, para o espaço.

Além disso, era esperado que a companhia começasse a testar a capacidade da nave para transferir combustível no espaço.

Para chegar à Lua, o foguete precisará reabastecer seu combustível. Com o tempo, a ideia é demonstrar que os foguetes poderiam ser enviados ao espaço para se tornarem uma espécie de "postos de serviço" em órbita.

- O método SpaceX -

Para esses testes, os protótipos utilizados não levam nenhuma carga. E a SpaceX, que desenvolve modelos de Starship desde 2018, já produziu diversas cópias de seu foguete.

O método de desenvolvimento da SpaceX é diferente do de outras empresas tradicionais e agências espaciais nacionais. Ao contrário destes últimos, que utilizam recursos dos contribuintes, a empresa de Elon Musk opera com recursos próprios, o que lhe permite correr mais riscos.

A companhia também utiliza uma técnica de "desenvolvimento iterativo", baseada em testes sucessivos, sem grandes intervalos de tempo, nos quais as lições aprendidas permitem realizar mudanças rapidamente para os próximos voos.

A cada teste, "aprendemos algo novo", declarou Musk em um discurso aos funcionários em janeiro. "É sempre melhor sacrificar material do que sacrificar tempo", acrescentou.

O desenvolvimento dos foguetes Falcon, que com 96 missões bem-sucedidas em 2023 domina o mercado americano de lançamentos, também teve como base o princípio de múltiplos testes que fracassaram.

- Reutilizável -

Além de seu tamanho, o Starship deve ser completamente reutilizável. Atualmente, apenas o primeiro estágio do foguete Falcon 9 retorna à Terra após cada lançamento para ser reaproveitado, mas não o seu propulsor.

Segundo Musk, os testes dos dois estágios de Starship permitirão lançamentos ainda mais frequentes e com menos dinheiro: um imperativo para "colonizar" Marte.

O bilionário afirmou esta semana que espera que o foguete Starship faça "mais seis voos este ano".

J.Horn--BTB